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GOVERNANÇA GLOBAL DA INTERNET: A REPRESENTAÇÃO DE TOPÔNIMOS DE PAÍSES NO CIBERESPAÇO
Governança Global da Internet: A representação de topônimos de países no ciberespaço (Resumo)
Este trabalho representa um novo campo de pesquisa na área de Geografia. A Governança da Internet - GI deveria ser um conjunto de iniciativas e ações construtivas, concebidas pelos governos, setores públicos, setores privados e por organizações da sociedade civil, para estabelecer uma estrutura de regulação global, que promovesse os desenvolvimentos científicos e sociais da Internet entre países e não apenas de seus topônimos.
A questão da GI tem implicações, em todos os aspectos, no desenvolvimento futuro da Internet, tendo em vista que esta abrange uma gama variada de temas não apenas vinculados à questão do desenvolvimento tecnológico, mas também às questões políticas, que dizem respeito à soberania, segurança, geografia, economia, cidadania e a liberdade de expressão.
Portanto, esse trabalho é parte de uma pesquisa mais abrangente que tem como objetivo geral contribuir para consolidar a Geografia, no rol das ciências que se dedicam a investigar a GI no ciberespaço.
Palavras chaves: Governança Global da Internet, Topônimos de Países, Ciberespaço, Redes, Multilateral.Gobernanza Global de Internet: La representación de los topónimos de los países en el ciberespacio (Resumen)
La temática de este trabajo representa un nuevo campo de investigación en Geografía. La Gobernanza de Internet – GI se le debería definir como un conjunto de iniciativas y acciones constructivas, diseñado por los gobiernos, el sector público, sector privado y organizaciones de la sociedad civil, a fin de establecer una estructura de la reglamentación mundial, que promueven los medios científicos y la evolución social de Internet entre los países y no sólo de sus topónimos.
La cuestión de la GI tiene repercusiones en todos los aspectos, en el futuro desarrollo de Internet con el fin de que abarca una gama de temas vinculados no sólo a las cuestiones de desarrollo tecnológico, sino también las cuestiones de política que afectan a la soberanía, la seguridad, la geografía, economía, la ciudadanía y la libertad de expresión.
Por lo tanto, este artículo es parte de un trabajo de investigación que tiene como objetivo general la consolidación de la Geografía en el ámbito de la ciencia dedicada a investigar la GI en el ciberespacio.
Palabras clave: Gobernanza Global de Internet, Topónimos de Países, El Ciberespacio, Redes, Multilateralidad.Internet Global Governance: The representation of toponyms of countries in the cyberspace (Abstract)
The thematic one of this work represents a new field of research in Geography. The Internet governance - IG should be define as a set of initiatives and constructive actions, designed by governments, public sectors, private sectors and civil society organizations, to establish a structure of global regulation, which promote the scientific and social developments Internet between countries and not just of their toponyms.
The IG issue has implications in all respects, in the future development of the Internet in order that covers a range of topics not only linked to the issues of technological development, but also policy issues that concern the sovereignty, safety, geography, economics, citizenship and freedom of expression.
So, this paper is part a research that has as general objective the consolidation of the Geography in the scope of science dedicated to investigate the IG in the cyberspace.
Key words: Internet Global Governance, Countries Toponyms, Cyberspace, Networks, Multistakeholders.Este artigo é parte de um projeto de pesquisa que tem como tema “Governança Global da Internet: A representação de topônimos de países no ciberespaço”[1]. Esse projeto representa um novo campo de estudo e pesquisa na área de Geografia e faz parte da linha de pesquisa “Globalização, Políticas Públicas e Reestruturação Territorial” e da disciplina “Ciberespaço e Sociedade da Informação” do Programa da Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.
A questão da Governança da Internet (GI) tem implicações, em todos os aspectos, no desenvolvimento futuro da Internet, tendo em vista que esta abrange uma gama variada de temas não apenas vinculados à questão do desenvolvimento tecnológico, mas também as questões políticas, que dizem respeito à soberania, segurança (MCCULLAGH, 2005) [2] geografia, geopolítica, economia, educação, cidadania, privacidade, liberdade de expressão, etc.
A Governança da Internet[3] representa um conjunto de iniciativas e ações construtivas, concebidas coletivamente e de modo consensuado pelos governos, setores públicos, setores privados e por organizações da sociedade civil, para estabelecer uma estrutura de regulação global, que promova soberanamente o desenvolvimento científico, territorial, econômico e social da Internet entre as nações.
A partir desse conceito, a GI abrange um espectro extraordinário de decisões e políticas sobre atividades, operações, aplicações e ações normativas (MARTIN, 2007, p.13) [4], tais como:
Portanto, estudar a Governança Global da Internet significa consolidar a Geografia no rol das ciências que se dedicam a investigar a GI e significa também ampliar o espectro da pesquisa na Geografia.
Para dar conta deste desafio, pretende-se: examinar como se formou e se instituiu historicamente a autoridade política da representação dos países na GI; investigar como se dá a representação dos países no modelo atual de GI; analisar como ocorre o controle privado do sistema de atribuição de DNS entre os países; investigar a atuação e a interferência dos atores políticos, governos, setores públicos, setores privados e organizações da sociedade civil, no estabelecimento de uma nova estrutura de regulação global baseada em um sistema de Governança da Internet multilateral; analisar como os projetos para a constituição de sistemas de raízes alternativos de GI estão sendo implementados por atores sociais que rejeitam o atual modelo de GI unilateral corporativo, e qual tem sido o papel da ONU na promoção do diálogo entre os países membros para a construção da GI “multistakeholders”.
Assim, este trabalho tem como objetivos: revelar as fases históricas constituídas da GI, apresentar os resultados alcançados pelo Fórum de Governança da Internet (IGF - Internet Governance Forum, http://www.igfbrazil2007.br/ [20 de março de 2008]), promovido pela Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU), realizado no Rio de Janeiro, em 2007, e apontar as novas tendências e perspectivas que começam a ser definidas para próximo IGF que ocorrerá em 2008, em Nova Deli, na Índia.
Fases da História da Governança Global da Internet
A história da GI pode ser divida em cinco grandes fases:
FASES |
1ª |
2ª |
3ª |
4ª |
5ª |
ANOS |
1958 - 1983 |
1984 - 1991 |
1992 - 1997 |
1998 até Hoje |
2002 até Hoje |
TIPOS DE GI |
Unilateral Militar |
Unilateral Militar e Acadêmica |
Unilateral Militar e Comercial |
Unilateral Civil e Comercial |
Multistakeholders ou Independente |
GESTORES |
ARPANET/DoD |
NSFNET/DoD |
IANA/DoD |
ICANN/DoC/Verisign |
ORSN, OpenDNS |
a primeira fase, de 1958 a 1983, no período da Guerra Fria, foi marcada pelo controle militar, quando foi estabelecido um modelo unilateral de governança militar. A Internet era controlada pelo Departamento de Defesa (DoD) dos Estados Unidos, através da ARPANET, oriunda da antiga Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA).
A GI no período da ARPANET (1958-1983): As origens da Internet no contexto da Guerra Fria
O crescimento da produção de computadores e de radares nos Estados Unidos sempre esteve relacionado com investimentos no setor de defesa e com a corrida militar, este crescimento se acentuou ainda mais quando os soviéticos detonaram sua primeira bomba atômica em 1949.
Os radares, baseados em sistemas de telecomunicações, seriam, naquela época, o único meio capaz de prevenir contra um possível ataque aéreo; nesse sentido, foi criado pelo Departamento de Defesa dos EUA (DoD) e pela força aérea dos EUA com o apoio da RAND Corporation [6], um sistema de defesa que monitoraria, no território, os sinais enviados pelos radares (MCNEIL, 1982; PIRES, 1992).
Em 1957, a URSS efetuaram o lançamento do satélite militar “Sputinik”. Procurando fazer frente a esta iniciativa, o presidente Eisenhower resolveu criar, em 1958, a Advanced Research Projects Agency Avançada – ARPA (Agência de Projetos de Pesquisa). Nos anos 60, esta preocupação com a questão da segurança territorial dos EUA foi mantida e aperfeiçoada pela Administração Kennedy.
De 1958 a 1965, a ARPA atuou centrada em grandes questões de defesa nacional, como a proteção do espaço aéreo dos EUA, míssil balístico de defesa, e experimentos nucleares. Em 1960, todos os seus programas espaciais civis e os programas espaciais militares foram transferidos para a Administração Nacional Aeronáutica e Espaço (NASA), criada também em 1958. Durante a Guerra Fria, o objetivo da ARPA era atuar com o apoio das Universidades, através do desenvolvimento de pesquisas, na promoção de tecnologias que detivesse o avanço soviético no campo da corrida espacial [7].
Nos final dos anos 60, a ARPA se tornou a mais importante empresa da história da computação nos Estados Unidos, vários fatores promoveram o seu crescimento, mas o fator mais importante foi a criação de uma rede militar de computadores, chamada de ARPANET [8]. A rede instalada pela ARPA foi melhorada com a utilização do programa de comutação de computadores chamado de “Information Processing Techniques Office” IPTO [9] (Castells, 2003, p.13), que permitiu o surgimento de uma rede de computadores integrada no território em tempo real.
Em 1972, a ARPA foi renomeada e se transformou na Defense Advanced Research Projects Agency - DARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa), e continuou sendo regulada pelo Departamento de Defesa dos EUA (DoD), com um orçamento anual de US$ 238 milhões de dólares. Neste período, os investimentos da DARPA foram orientados para programas de tratamento da informação e para o desenvolvimento de um sistema de Controle e Comando de Comunicações. Em cooperação com o Laboratório Bell, a General Electric e o Massachusetts Institute of Technology - MIT, na área do processamento da informação, a DARPA fez grandes progressos em suas pesquisas para aperfeiçoar o sistema de defesa dos EUA.
Nesta mesma época, o exército dos EUA também já havia desenvolvido, com o apoio da IBM e do laboratório Lincoln do MIT, um projeto ambicioso de proteção continental do espaço aéreo estadunidense, chamado de SAGE (Semi-Automatic Ground Environment) [10]. O sistema SAGE foi concebido para coordenar estações de radares voltadas para interceptar aviões que pretendesse efetuar um possível ataque aéreo. Foram implantados no território 23 centros de controle equipados com o sistema SAGE, que poderiam monitorar até 400 aviões cada.
No início dos anos 70, a ARPANET desenvolveu, conjuntamente com a IBM, o “NCP-Network Control Program” [11]. O NCP foi o primeiro programa com um protocolo padrão de rede que executava as funções de e-mail, telnet e de protocolos transferências de arquivos – FTP, entre servidores. Este programa ajudou a integrar, em rede, quinze importantes instituições acadêmicas, militares e de pesquisas: 1. Bolt Baranek and Newman; 2. Carnegie Mellon University; 3. Case Western Reserve University; 4. Harvard University; 5. Lincoln Laboratories; 6. Massachusetts Institute of Technology; 7. NASA e AMES; 8. RAND Corporation; 9. Stanford Research Institute; 10. Stanford University; 11. System Development Corporation; 12. University of California at Los Angeles; 13. University of California of Santa Barbara; 14. University of Illinois at Urbana; 15. University of UTAH. Estas instituições formaram o embrião do que hoje conhecemos como Internet ou Inter-Networking. Em meados dos anos 70, a rede constituída via NCP já agregava mais de 100 sítios. Esta rede da ARPANET tinha por objetivo propiciar a conexão de bases militares com os departamentos de pesquisa do governo americano.
Em 1983, o NCP deixou de ser utilizado pela ARPANET que, em seu lugar, resolveu instalar definitivamente um protocolo de rede mais poderoso, eficiente e flexível, chamado TCP/IP [12]. Concebido em 1974, este protocolo foi desenvolvido pelos cientistas da ARPANET: Vinton Cerf, Yogen Dalal e Carl Sunshine, em estreita colaboração com especialistas da Universidade de Stanford[13]. O TCP/IP, como um conjunto de protocolos de controle e transmissão entre protocolos da Internet, permitia que diferentes redes se comunicassem umas com as outras. Esta linguagem inaugurou uma revolução na era da comunicação em rede e tornou-se o protocolo de rede mais utilizado no mundo.
O crescimento espontâneo do número de instituições universitárias e civis nesta rede forçou o departamento de Defesa a criar, em 1983, uma rede eminentemente militar chamada de MILNET [14], que congregava apenas instituições do complexo industrial militar dos EUA e sítios militares em sua rede.
Durante os anos 80, a MILNET expandiu-se e formou a Defense Data Network – DDN, que foi utilizada pelo DoD de 1983 a 1995. A DDN oferecia um protocolo de rede que interligava as bases militares dos EUA no exterior.
No final dos anos 80, a rede MILNET subdividiu-se em um conjunto de quatro grandes redes militares: NIPRNET - Non-Classified Internet Protocol Router Network, SIPRNET - Secret Internet Protocol Router Network, JWICS - Joint Worldwide Intelligence Communications System e, mais recentemente, em 2007, a RIPRNET- Radio over Internet Protocol Routed Network [15], que operam cada uma com níveis diferenciados de segurança e, âmbito mundial.
Por razão de segurança, desde os anos 90, a rede MILNET restringiu o uso de inúmeras aplicações de comunicações, comuns às redes comerciais convencionais, passando a ter um funcionamento diferente das redes acadêmicas e corporativas.
A GI no período da NSFNET (1984-1992): A transição dos usos militares para os usos acadêmicos e civis da Internet
Criada pelo Congresso do Estados Unidos, em 1950, durante o período da Guerra Fria, a Fundação Nacional de Ciência National Science Foundation (NSF) foi concebida para promover o progresso científico-social e para assegurar a defesa do território nacional [16]. Assim, a NSF vem sendo, para as universidades e faculdades dos Estados Unidos, a principal fonte de financiamento federal para a pesquisa e o desenvolvimento em muitas áreas, tais como: matemática, ciência da computação, ciências sociais, etc.
Em meados dos anos 80, com o crescimento dos usos acadêmicos e civis da Internet, propiciado pelos avanços no uso do TCP/IP, a NSF passou a ter autoridade legal para administrar a manutenção de redes de computadores, anteriormente mantidas pela ARPANET, e para apoiar e reforçar a investigação científica e atividades educacionais nos Estados Unidos. Neste período, segundo Mandel, Simon e deLyra. (1997) ocorreu um crescimento extraordinário de novas redes, tais como: “DECNET, VNET, BITNET, HEPNET, JANET, JUNET, EARN, NETNORTH, FidoNet. O livro de D. Frey and R. Adams. A Directory of Electronic Mail Addressing and Networks, editado em 1989, listava nada menos do que 105 redes espalhadas pelo mundo todo, várias delas com uma forma particular de endereçamento de ‘e-mail” [17].
Em 1986, a National Science Foundation criou uma rede de alta velocidade chamada de National Science Foundation Network (NSFNET), que permitiu a integração e a interligação nacional, através do protocolo TCP/IP, dos supercomputadores de cinco renomadas instituições universitárias dos EUA, conectando em rede mais de 4000 instituições de pesquisas e ensino em todo o país. Posteriormente, outras instituições, como a CSNET - Computer Science Network [18] e a EUNET - European UNIX Network, antiga USENET, também passaram a se conectar a NSFNET. Em 1987, a introdução de novas instituições acadêmicas na NSFNET ampliou o tráfego total de informações que em menos de sete meses praticamente dobrou [19].
No final dos anos 80, os cientistas do CERN - European Organization for Nuclear Research, na Suíça, também desenvolveram softwares, protocolos e tecnologias que formaram a base da atual da World Wide Web, e introduziram um novo conceito de documentação para a web concebido a partir de hipertexto. Eles também protagonizaram com suas invenções, o futuro do que viria a se transformar na Internet. Foi o caso de Tim Berners-Lee, inventor da World Wide Web e Diretor, no início dos anos 90, do consórcio WWW ou W3C [20].
Com a extinção da ARPANET [21], em 1990, a gestão da Internet, nos EUA, ficou sob a responsabilidade da NSFNET. Em 1992, a decisão do Congresso dos Estados Unidos que autorizou a NSF a permitir o desenvolvimento de atividades comerciais, prestação de serviços na NSFNET, favoreceu ainda mais o “boom” explosivo da Internet.
Este “boom”, em 1992, praticamente forçou à preparação de um novo marco regulatório de Governança da Internet, “The Internet Standards Process” [22], reforçado pela criação de um conjunto de documentos (RFC1310, RFC1602, RFC1603, RFC1871, RFC2727, etc.) [23]. O estabelecimento desses procedimentos para a padronização dos protocolos da Internet foi elaborado pelo The Internet Activities Board (IAB), que se constituiu na principal comissão coordenadora para conceber o design da Internet, a engenharia e a gestão. O trabalho dessa comissão, fruto de inúmeras pesquisas, alterou a arquitetura e a organização da Internet.
Foi o IAB que delegou à Internet Assigned Numbers Authority (IANA), a tarefa de atribuir os parâmetros de protocolo de Internet, os números desses parâmetros são publicados em documentos (RFCs) intitulados "Assigned Numbers" ou “Números Registrados”. Cada categoria de números atribuídos resulta de um protocolo que obedece às normas e os procedimentos de padronização da Internet.
A GI no período da IANA (1992-1997): O início dos usos civis e comerciais da Internet
No início dos anos 90, a IANA foi administrada por Jon Postel (Jonathan Bruce Postel) [24], que, em 1980, criou o Protocolo Padrão da Internet do DoD [25] e também o sistema de nome de domínio (DNS) [26]. Segundo, o RFC 1310, o termo IANA se referiu à equipe técnica designada pela IAB, que estava encarregada de publicar e atribuir os parâmetros técnicos e os protocolo Internet. Neste período, a IANA assumiu a coordenação e a gestão central da Internet, com a atribuição, de organizar e registrar os endereços, nomes de domínio, protocolos e parâmetros desde os primórdios da criação da Internet.
Localizada no Instituto de Ciências da Informação (ISI) da University of Southern California's, a IANA gerenciava os protocolos e parâmetros da Internet. O registro e a definição dos parâmetros eram catalogados em documentos de requisição de registro ou RFCs. Desde 1994, estes RFCs podem ser encontrados com os números dos protocolos atribuídos nos sítios da rede sob cessão serviços.
A IANA tinha como meta corrigir os problemas de segurança e vulnerabilidade, que a expansão desordenada da Internet no período da NSFNET criou. Ela passou também a ser editora de Request For Comments- RFCs. Os RFC's se transformaram numa excelente fonte de documentação para o desenvolvimento e a difusão de pesquisas, realizadas pelo desenvolvedores da Internet, e acabaram se tornando o registro oficial da Internet para decisões do design, da arquitetura e das normas técnicas de funcionamento da Internet [27].
Coube também a IANA, a responsabilidade pela coordenação da atribuição do código de domínio de alto nível dos países (country code top-level domain - ccTLD) [28]. Os ccTLD passaram a ser meros identificadores com duas letras (br. es, ar, ch, de, etc.) dos topônimos de países pois, segundo a própria IANA, não é sua competência estabelecer quem é e quem não é um país. A idéia de país é representada apenas por um código de duas letras, outorgado pela agência de manutenção de registro, que segue um conjunto de normas geográficas, criadas em 1974, que valida os códigos para os nomes de países e dependências, o ISO 3166-1 [29].
Durante esta fase de Governança da Internet, a IANA considerava as representações dos países apenas meros topônimos para o registro geográfico formal da localização do DNS do ccTLD na imensa “galáxia” da Internet.
Em 1998, com a privatização e a expansão comercial da Internet, através do e-commerce, a IANA foi praticamente subsumida politicamente pela Internet Corporation for Assigned Names and Numbers - ICANN.
A GI no período da ICANN (de 1998 até hoje): A governança corporativa da Internet
Até o ano de 1998, a governança da Internet e a administração de sua infra/infoestrutura técnica estiveram a cargo de empresas vinculadas ao DoD e ao Departamento de Estado dos EUA (DARPA, NSF e IANA). Durante a administração de Bill Clinton, o governo resolveu empreender uma política gradual de privatização da Internet, com vista a implantar uma estrutura virtual de acumulação que propiciaria a expansão dos negócios e dos interesses dos Estados Unidos na nova fronteira aberta pela Internet no e-commerce.
Foi dentro dessa compreensão geopolítica de entendimento da importância do ciberespaço para a economia dos Estados Unidos que foi constituída, em novembro de 1998, a ICANN, que é uma empresa sem fins lucrativos, vinculada ao Departamento de Comércio dos EUA (DoC), com os objetivos estratégicos de garantir a governança global da Internet e de coordenar o sistema de nomes e números da Internet. Com essa mudança, o modelo de governança da Internet deixou de estar sob controle do DoD e passou para o comando do DoC mas, a despeito da expansão extraordinária da Internet, os EUA continuaram controlando os servidores raízes (Root-Servers) do sistema (figura 1).
Figura 1. Servidores Raízes da ICANN no Mundo.
Fonte: <http://www.icann.org/maps/root-servers.htm> [20 de março de 2008]
Por isso, mesmo aparentemente saindo de cena da Internet comercial, que é um campo estratégico e de interesse econômico para os Estados Unidos, e por considerar o ciberespaço também como um campo virtual de guerra sobre o qual deve manter um sistema militar permanente de segurança, vigilância e de proteção das redes, o DoD criou uma dominância informacional (MAMPAEY e SERFATI, 2005, p.244) [30], articulada através do princípio da “Networking Centric Warfare” [31] (Guerra Baseada em Redes) [32], criado pelo Command and Control Research Program – CCRP do DoD ( Programa de Pesquisa de Comando e Controle do Departamento de Defesa dos EUA).
Neste sentido, o DoD ficou com o controle militar do ciberespaço e a ICANN, juntamente com a VeriSign, ficaram com o controle comercial e, por isso, vêm sendo as responsáveis exclusivas pela atribuição de parâmetros de protocolo da Internet, pela supervisão do sistema de nome de domínio, pela alocação blocos de números de endereços IP e pela gestão do servidor raiz do sistema. O sistema de designação genérico de nomes e domínios (generic top-level domain - gTLD) e o sistema de registro regional da Internet (regional Internet registry - RIR) se transformaram, sob a chancela da trindade (US-DoC/ICANN/Verisign) da Internet, em um negócio altamente lucrativo. Este modelo de gestão, adotado pela ICANN, favorece os interesses econômicos baseados nos EUA (AFONSO, 2005, p.51).
Por isso, embora aparentemente a ICANN seja uma empresa sem fins lucrativos, ela está de fato assegurando o total controle político-econômico da Internet pelos EUA, através de sua estrutura organizacional (figura 2) de gestão que envolve um conjunto de várias instituições e comitês.
Por outro lado, atuando conjuntamente com a ICANN, a VeriSign, empresa com fins lucrativos, que também controla a Internet, oferece certificação de “segurança” e de RIR para mais de 900.000 servidores em todo o mundo. Essa empresa tem como propósito, explicito em seu sítio (Cf.<http://www.verisign.com/verisign-inc/index.html> [20 de março de 2008]) , oferecer um lucro máximo aos seus clientes que, na maioria, são grandes empresas de comércio eletrônico (e-commerce). Portanto, essas empresas representam o elo entre o Estado e o mercado; assim o Estado, além do seu domínio militar via DoD, também tem o controle na atribuição dos direitos de concessão de gTLD e de RIR através do DoC.
Figura 2. Estrutura Organizacional da ICANN.
Fonte: ICANN, 2008. In: <http://www.icann.org/structure/ > [20 de março de 2008] [33]
Em relação ao sistema de códigos de nomes dos países, a ICANN preferiu dar continuidade à política da IANA e continuou seguindo o conjunto de normas geográficas da ISO 3166-1. A única alteração foi burocrática, correspondente à criação da Organização de Suporte aos Códigos de Nomes dos Países ou Country Code Names Supporting Organisation – CCNSO e a constituição de um conselho de administração de políticas globais para elaborar, de forma “consensuada”, o código dos domínios de nível superior dos países, o ccTLD [34]. Portanto, a essência do sistema permaneceu a mesma da IANA, ou seja, os países não são países, são apenas topônimos de países sujeitos a mercantilização.
Segundo Carlos Afonso (2005, p.13), o sistema de código e nome de países se transformou numa mercadoria e houve falhas no suporte à concessão de ccTLD porque, em alguns casos, a ICANN repassou o controle e o gerenciamento de códigos a empresas fora do país a que eles deveriam pertencer, ao em vez de repassar para o próprio país esse controle e gerenciamento [35].
Com o crescimento da Internet, esse viés excessivamente corporativo da ICANN e a sua capacidade de gestão passaram a ser questionados (GOLDSMITH & WU, 2006), principalmente por autoridades européias que queriam ter mais autonomia na elaboração de suas propostas de políticas públicas para o seu desenvolvimento da Internet [36].
Projetos Alternativos de Governança da Internet (de 2002 até hoje). A governança não corporativa da ORSN
Reforçando esta tendência de contestação da legitimidade do modelo atual da GI, em 2002, surgiu um novo sistema raiz alternativo para a Internet, chamado de Open Root Server Network (ORSN), criado por cientistas europeus. Esse sistema representa um movimento alternativo de emancipação para desbancar a governança corporativa imposta pela ICANN e da VeriSign [37].
Embora não pretendesse criar uma zona raiz fora da Internet “Americana”, a ORSN, como provedor de acesso à Internet (ISP) para zona raiz das redes na Europa, explica que existem várias razões e fatores (localização, segurança, geopolítica, soberania), que justificam a implantação de um sistema raiz alternativo fora da chancela dos EUA:
Outro importante movimento de ruptura com o modelo atual de GI é o OpenDNS, criado em 2006, por David Ulevitch, empreendedor e especialista em DNS [39]. Em 2007, OpenDNS se expandiu geograficamente de forma extraordinária, nos EUA (figura 3), e seus servidores já estão presentes em cinco grandes metrópoles mundiais: Seattle, Palo Alto, Nova Iorque, Washington-DC e Londres:
As questões que emergem do surgimento desses movimentos de emancipação pela criação de um novo sistema alternativo de GI são: como se fará o registro geográfico dos nomes dos países? Será que esses registros superarão o falho modelo de concessão de topônimos de países (ccTLD) da ICANN? Como os estados nacionais se farão representar soberanamente no ciberespaço?
IGF no Rio de Janeiro: Discussões, tendências e perspectivas
Para resolver essas questões apresentadas acima, desde 2002, pressionada por esses movimentos de emancipação, a Assembléia Geral das Nações Unidas – ONU, vem contribuindo em direção à preparação de um novo modelo de governança entre os países membros. Para isso, já organizou quatro grandes conferências: a primeira, realizada em Genebra, em 2003 (Cf.<http://www.itu.int/wsis/geneva/index.html> [20 de março de 2008]); a segunda, realizada em Tunes, em 2005 (Cf.<http://www.itu.int/wsis/docs2/tunis/off/6rev1.html>[20 de março de 2008]); a terceira, realizada na Grécia, em 2006 (Cf.<http://www.igfgreece2006.gr/> [20 de março de 2008]), e a quarta, realizada no Rio de Janeiro em 2007 (Cf.<http://www.igfbrazil2007.br/> [20 de março de 2008]) (KAPUR, 2005; CMSI, 2005; AFONSO, 2005).
Marcado por um (in)TENSO debate sobre os rumos e futuro da Internet, o IGF foi organizado em cinco grandes fóruns abertos que tiveram, como eixos de discussões, os seguintes temas: recursos críticos da Internet (transição de IPv4 para IPv6), acesso, diversidade, abertura e segurança. Os números do IGF foram bastante expressivos, conforme se pode constatar no quadro 2 a seguir:
Total de Participantes |
Número de Eventos Paralelos |
Representantes de Governos |
Representantes da Sociedade Civil |
Representantes de ONGs |
Representantes do Setor Privado |
Representantes da Mídia |
1.376 de 109 países |
84 (*) |
302 |
380 |
67 |
168 |
104 |
(*) Os 84 eventos foram distribuídos em: workshops, fóruns de melhores práticas, reuniões de coalizões dinâmicas, etc. |
Embora esses números revelem uma representatividade significativa de todos os setores sociais dos países presentes, não a houve consenso para a criação de um documento final de recomendações para a constituição de um modelo de GI “multistakeholder”, como a maioria dos participantes desejava, devida as pressões da ICANN que sugeriu a continuidade do atual modelo de GI, por mais 25 anos. O Brasil, como país que sediou o IGF, encontrando-se sem força política para a confecção de uma nova proposta de GI, resolveu postergar a produção da mesma, para o IGF que será realizado em Nova Déli na Índia, em 2008.
No final do evento, foi elaborado apenas um relatório conclusivo (cf.<http://governanca.cgi.br/documentos/intgovforum-org_rio_meeting_chairmansummary-final-16-11-2007-revisado-final.pdf > [20 de março de 2008]) com um “levantamento da situação e definição dos rumos a seguir” e “questões emergentes”, com os resultados alcançados pelo IGF do Rio de Janeiro.
O grande mérito desse IGF, realizado no Rio de Janeiro, foi ampliar as discussões e abrir o debate público para a formulação de um documento final para preparação de um modelo de GI, que venha atender às reivindicações de todos os países.
Paralelamente a essas iniciativas de âmbito global, os países estão também desenvolvendo iniciativas para a formação de uma Governança Regional. Neste sentido, pode-se afirmar que a formação desse movimento pela formação de uma Governança Regional representa um processo de reposicionamento dos estados nacionais frente à necessidade de se estabelecer mecanismos políticos e instrumentos de regulamentação comuns. O objetivo desse movimento é implementar ações regionais que promovam, de modo integrado, o desenvolvimento econômico e social, a participação, a cooperação e a construção de relações culturais entre as Nações (Pires, 2006).
Quatro fatores contribuíram para a constituição dessa Governança Regional entre os estados nacionais: a migração digital; a divisão digital; a expansão do comércio eletrônico de bens tangíveis e não tangíveis; e a globalização dos mercados financeiros (Pires, 2006).
A despeito da contraditória participação de representantes da União Européia, da Rússia e da China no Fórum de Governança da Internet (IGF - Internet Governance Forum, http://www.igfbrazil2007.br/) promovido pela ONU, realizado no Rio de Janeiro, em novembro de 2007, alguns países membros da ONU, incluindo-se o Brasil e a Itália [40], produziram uma Carta de Direitos da Internet, que tem como meta consolidar um conjunto de recomendações e orientações direcionadas à promoção de uma governança consensuada e multilateral da Internet, porque a disputa pela implantação desta estrutura virtual de acumulação (Pires, 2004), em um contexto de extrema divisão digital, representa uma nova luta deflagrada pela apropriação, manutenção ou reterritorialização (Cocco; Galvão& Silva, 2003) de mercados globais, principalmente para as economias-mundo periféricas, que ainda estão ingressando na era da economia do conhecimento (Pires, 2006).
As perspectivas que começam a ser definidas para próximo IGF, a ser promovido pela ONU em Nova Deli na Índia, em 2008, apontam que os embates continuarão, pois cresce a rejeição ao modelo corporativo de GI mantido pela ICANN e pela VeriSign.
Conclusão
O contexto atual de GI unilateral e corporativo mantido pela ICANN, caminha para ser superado, o fórum mundial promovido pela ONU para discutir a Governança da Internet (Internet Governance Fórum – IGF), realizado no Rio de Janeiro em 2007, demonstrou que muitos países membros da ONU desejam uma GI multilateral e democrática, constituída a partir de um consenso global.
Alguns países não aceitam serem vistos apenas como topônimos na Internet. O controle e a extrema centralização da Governança da Internet por um só país, coloca em risco a soberania das nações, abre margem para que se continue a por em dúvida a capacidade dos países de se fazerem representar politicamente na era da sociedade do conhecimento. A legitimidade da autoridade da ICANN, neste modelo de GI, já é amplamente questionada.
A autoridade historicamente constituída pelos EUA na GI, encontra-se hoje sem legitimidade, porque a Internet não pode ser vista com “o espaço do estado de guerra” como está acontecendo. Os países não desejam serem controlados por empresas estrangeiras que se instalam fora do domínio de seus espaços políticos. Não há mais como continuar impedido a participação dos países nos fóruns de decisão da GI, é preciso criar meios e canais para garantir a autonomia dos países para a elaboração de propostas de políticas públicas para o desenvolvimento da Internet.
Os projetos alternativos de GI hoje: ORSN, OpenDNS e os debates dos Fóruns de GI, promovidos pela ONU, representam a construção de novas iniciativas para a constituição de sistemas de raízes alternativos de GI.
Existe uma grande mobilização dos atores políticos: governos, setores públicos, setores privados e organizações da sociedade civil, para o estabelecimento de uma nova estrutura de regulação global baseada em um sistema de GI multilateral.
Os países que já perceberam na prática que o ciberespaço não pode ser gerenciado por um único país, principalmente quando este detem o poder econômico e militar da Internet, estão reivindicando um espaço soberano de decisão e participação na GI. Estes atores sociais rejeitam o atual modelo de GI unilateral corporativo da ICANN e exigem da ONU a promoção do diálogo na direção da construção de um novo sistema de GI, mantido de forma consensuada por países pertencentes a um grupo de gestão multilateral (Multistakeholder Advisory Group - MAG).
Notas
[1] O nosso conceito de ciberespaço já foi amplamente trabalhado nos seguintes artigos e capítulo de livro (Pires, 2004; Pires, 2005ab; Pires, 2006; Pires, 2007):
O conceito de ciberespaço, termo criado por William Gibson em 1984, muitas vezes foi confundido pelo senso comum com a Internet, ou vem sendo indevidamente tratado como “dimensão” virtual cuja natureza é “não-territorial”, “pós-orgânico”, “imaterial”, ensejando inúmeros equívocos, mitificações e imprecisões. O fetichismo do ciberespaço é a oposição entre a representação, a partir dos pontos de vistas, e o representado, enquanto Estrutura Social de Acumulação - ESA....
....Procurando elucidar o uso consagrado pelo senso comum do termo ciberespaço, a Geografia vem se empenhando em elucidar e desmitificar todas as tentativas ideologizantes de dissimulação da “natureza” do ciberespaço.
O ciberespaço é tratado aqui nesta pesquisa como um tecnoespaço (Turco, 2002), isto é, um território articulado e estruturado pela primazia de sua ESA. O ciberespaço deixou de ser um “espaço público” constituído eminentemente pelas redes acadêmicas, e se transformou em uma estrutura virtual de acumulação subsumida pela migração digital (Cf. Carvalho-Júnior, 2006). O imperativo do ciberespaço e da era digital é um fato irreversível. O crescimento do comércio eletrônico e a troca de bens tangíveis e não-tangíveis pela Internet revelam essa tendência.
[2] MCCULLAGH, Declan. Should the UN administer the Internet? In: CNET News.com, Published: 30 Mar 2005:
“Anything which concerns the future development of the Internet will be part of the question of Internet governance. It covers a very wide range of topics not just related to technology development, service development, but also policy matters, sovereignty, security, privacy, almost anything”. In: <http://news.zdnet.co.uk/internet/0,1000000097,39193156,00.htm?r=1 > [20 de março de 2008]
[3] Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil,
“Governança da Internet é o desenvolvimento e a execução pelos Governos, sociedade civil e iniciativa privada, em seus respectivos papéis, de princípios, normas, regras, procedimentos decisórios e programas compartilhados que delineiam a evolução e o uso da Internet.” In:< http://governanca.cgi.br/o-que-e-governanca > [20 de março de 2008]. Ou então, segundo The Internet Governance, In:<http://www.internetgovernance.org/pdf/ig-sop-final.pdf > [20 de março de 2008],
“Internet governance as “collective action, by governments and/or the private sector operators of the networks connected by the Internet, to establish agreements about the standards, policies, rules, and enforcement and dispute resolution procedures to apply to global internetworking activities.” In other words, our matrix of IG institutions includes only those legal, regulatory and policy problems that are arise as a direct consequence of the involved parties’ mutual use of the Internet protocols to communicate globally”.
[4] Martin, Olivier H. State of the Internet & Challenges ahead: How is the Internet likely to evolve in the coming decade. Bulgaria: Varna, in: XXI-th International Symposium on Nuclear Electronics and Computing – NEC 2007. 10-17 September, 2007, p.30. <http://www.ictconsulting.ch/reports/NEC2007-OHMartin.doc > [21 de março de 2008]
[5] Segundo Baruque e Melo, 2005: “governança corporativa tem a ver com a forma na qual a organização alcança o seu propósito e inclui elementos de liderança, medição, ética, segurança, visão, direção, influência e valores. A Governança Corporativa diz respeito à proteção dos interesses dos 'stakeholders'”.
[6] Cf. In: “The History of Rand, Project Air Force – 1946-1996”, < http://rand.org/publications/PAFbook.pdf > [20 de março de 2008], p.23.
[7] Cf. In: “ARPA and the ARPANET: A Brief History”, <http://www.computermuseum.li/Testpage/99HISTORYCD-ARPA-History.HTM > [20 de março de 2008]
[8] HAUBEN, Michael. History ARPANET. New York: University of Colômbia. In: <http://www.dei.isep.ipp.pt/~acc/docs/arpa.html > [20 de março de 2008]
[9] Criado em 1962, com um orçamento de US$ 15 milhões, o IPTO foi desenvolvido pela ARPA, a Universidade da Califórnia, em Berkeley, através do “Project Genie”, e pela Systems Development Corporation, em Santa Monica. Os grandes usuários do IPTO foram o Instituto de Investigação Naval, o Instituto Nacional de Saúde, o Exército, da Marinha, a NASA, a Fundação Nacional de Ciência ou National Science Foundation (NSF) e várias outras instituições.
[10] Cf. In: “SAGE Computer System”, <http://www.computermuseum.li/Testpage/IBM-SAGE-computer.htm > [20 de março de 2008]
[11] Cf. In: “Internet History, NCP -- Network Control Program”,< http://www.livinginternet.com/i/ii_ncp.htm > [20 de março de 2008]
[12] Cf. In: “Internet History, TCP/IP Internet Protocol”, < http://www.livinginternet.com/i/ii_tcpip.htm > [20 de março de 2008]
[13] CERF, Vinton, Dalal, Yogen & Sunshine, Carl. Specification of Internet Transmission Control Program . ARPANET --Network Working Group (NWG), 1974, In: <ftp://ftp.isi.edu/in-notes/rfc675.txt > [20 de março de 2008]
[14] Cf. In: “MILNET Project History”, <http://www.milnet.com/milnet-history.html > [20 de março de 2008]
[15] Mantida pelo United States Department of Defense (DoD), a rede NIPRNET foi concebida pela Defense Information Systems Agency (DISA), para vir a substituir a rede MILNET. A rede SIPRNET é um sistema de redes interconectadas controlado por um computador utilizado pelo DoD e pelo Departamento de Estado dos EUA, com a finalidade de transmitir informações “Secretas”. A rede JWICS do mesmo modo que SIPRNET, é um sistema de redes interconectadas controlado por um computador utilizado pelo DoD e pelo Departamento de Estado dos EUA, com a finalidade de transmitir informações “Altamente Secretas”. Já a RIPNET é uma rede militar dos Estados Unidos que permite aos usuários trocar informações e dados via rádio através de voz sobre IP. Em 2007, esta rede foi instalada no Iraque para utilização do exército dos Estados Unidos e das forças da Coalizão. Cf. In: <http://public.afca.af.mil/shared/media/document/AFD-070129-138.pdf > [20 de março de 2008]
[16] Cf. In: “The National Science Foundation: A Brief History, 1994”, <http://www.nsf.gov/pubs/stis1994/nsf8816/nsf8816.txt > [20 de março de 2008]
[17] MANDEL, Arnaldo, Simon, Imre e De Lyra, Jorge L. Informação: Computação e Comunicação. São Paulo. Universidade de São Paulo, 1997, In: <http://www.ime.usp.br/~is/abc/abc/node1.html> [20 de março de 2008]
[18] Cf. A rede CSNET interligava por telefone várias instituições: Universidade da California em Irvine (UCI); Laboratórios da Hewlett Packard Laboratories (HP-Labs); Universidade de Cornell; National Science Foundation; a Universidade de Princeton; Universidade de Delaware; etc. In: “CSNET - Computer Science Network”, <http://www.livinginternet.com/i/ii_csnet.htm> [20 de março de 2008]
[19] Cf. In: “NSFNET -- National Science Foundation Network”, <http://www.livinginternet.com/i/ii_nsfnet.htm> [20 de março de 2008]
[20] Tim Berners-Lee (<Ver imagem: in: http://preprints.cern.ch/photo/photo-ge/9407011_31.gif> [20 de março de 2008]), trabalhando com Robert Cailliau no CERN, propôs a construção de um sistema de informação distribuído, baseado em “hipertexto”, que veio a se constituir em uma forma de vincular entre si pedaços de informações armazenadas nos computadores. Por trás dos endereços de rede são destacados na tela itens e informações que podem ser ligados entre diversos computadores. O nome escolhido para este sistema é “World Wide Web”.
Cf. In: <http://library.cern.ch/archives/chrono/chrono_2002_cern.php> [20 de março de 2008]
[21] Para ter uma idéia exata sobre a evolução histórica da ARPANET, confira a seqüência de mapas criada por HEART, F., MCKENZIE, A., MCQUILLIAN, J., and WALDEN, D., ARPANET Completion Report, Bolt, Beranek and Newman, Burlington, MA, January 4, 1978. In: <http://som.csudh.edu/cis/lpress/history/arpamaps/> [20 de março de 2008]
[22] Chapin, Lyman .The Internet Standards Process, 1992. In: <http://rfc.sunsite.dk/rfc/rfc1310.html> [20 de março de 2008]
[23] Para ler esses documentos acesse o sítio: <http://www.livinginternet.com/i/iw_mgmt.htm> [20 de março de 2008]
[24] Mais detalhes sobre Jon Postel: Cf. “Jon Postel, Internet Pioneer”, <http://www.postel.org/postel.html> [20 de março de 2008]
[25] Postel, Jon. DoD Standard Internet Protocol. Arlington, Virginia. RFC 760, Prepared for Defense Advanced Research Projects Agency Information Processing Techniques Office, 1980. In: <http://ftp.isi.edu/in-notes/rfc760.txt > [20 de março de 2008]
[26] A preocupação com o registro dos números de rede remonta a 1969, quando Jon Postel grande estudioso dos registros dos números de protocolos de redes, resolveu catalogar uma lista de números de protocolo de rede em um caderno de anotações. Contratado para trabalhar na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Jon Postel, então um estudante de graduação da universidade, se comprometeu na manutenção dessa lista de números e endereços de registros e também de catalogar os documentos preparados por investigadores ARPANET a este respeito, os RFCs. Cf. In: <http://www.livinginternet.com/i/iw_mgmt_iana.htm> [20 de março de 2008]
[27] Cf. “Request For Comments (RFC's) History”, In: <http://www.livinginternet.com/i/ia_rfc_invent.htm> [20 de março de 2008]
[28] Cf. “Country-code Top-level Domains (ccTLDs)”, In: <http://www.iana.org/domains/root/cctld/> e <http://www.iana.org/procedures/cctld-establishment.html > [20 de março de 2008]
[29] Cf. O ISO 3166, In: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ISO_3166 > [20 de março de 2008]
[30] Segundo Luc Mampaey e Claude Serfati: “Junto com as modificações das ligações da finança e da política com o armamento, o terceiro fator que favorece a emergência de um sistema militar e de segurança está relacionado ao papel que a segurança tem no domínio das tecnologias de informações e da comunicação (TIC). Assumindo legalmente as potencialidades dessas tecnologias, os militares americanos desenvolveram, a partir do fim dos anos 80, a noção de dominância informacional. Importantes programas de P&D consagrados aos TIC e ao espaço foram lançados pelo DoD; eles foram menos afetados pelas reduções no orçamento militar (1986-1998) do que os destinados à produção de armas. As barreiras à entrada que protegem os grandes grupos (ver a primeira parte) são reforçadas pelo tipo de competências necessárias para pôr em prática novas doutrinas experimentadas na Sérvia, no Afeganistão e no Iraque. A "guerra baseada nas redes" (NCW, Network Centric Warfare), que sustenta as novas doutrinas militares dos Estados Unidos, auxilia os principais grupos, cuja ‘vantagem comparativa’ se sustenta geralmente em sua competência nos domínios de sistemas integrados. A aplicação da NCW exige, com efeito, mais estrutura organizacional, mais integração de ‘sistemas de sistemas’ e uma proteção e uma segurança muito acentuada das redes, e, por conseqüência, da produção de programas para computadores e de materiais altamente seguros.” (2005, p.244).
[31] Alberts, David S., Garstka, John J., Stein, Frederick P. Networking Centric Warfare, CCRP, 2000, In: <http://www.dodccrp.org/files/Alberts_NCW.pdf > [20 de março de 2008] ou <http://www.dodccrp.org/html4/books_downloads.html> [20 de março de 2008]
[32] Cf. In: < http://www.jornaldefesa.com.pt/conteudos/view_txt.asp?id=162 > [20 de março de 2008]
[33] Cf. “Organisational Structure”, In: <http://www.icann.org/images/organisational-structure.JPG> [20 de março de 2008]
[34] Para ver o mapa dos topônimos de países e a relação dos países segundo a ICANN, Cf. In: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d1/World_TLD_Map.jpg> [20 de março de 2008] e “Welcome to the CCNSO”, In:<http://ccnso.icann.org/ > [20 de março de 2008]
[35] Segundo Carlos Afonso: “O fato é que o processo original de governança da Internet, que levou à criação da ICANN, resultou na transformação em mercadoria de um bem que deveria ser de domínio público, o conjunto de nomes de domínio globais (conhecidos pela sigla em inglês gTLDs). Esta abordagem foi infelizmente seguida por vários países com relação aos seus nomes de domínio de primeiro nível de código de país (os ccTLDs, que caracterizam ou deveriam representar a identidade de um país na Internet). Às vezes, um ccTLD está nas mãos de uma empresa particular fora do país ao qual ele pertence (como é o caso do “.tv”, de Tuvalu, do “.st”, de São Tomé e Príncipe, e vários outros)” (2005, p.12-13).
[36] Segundo Castells (2003, p.31-32), “...não faltam críticas bem formuladas à falta de verdadeira democracia na ICANN... Além disso, os vínculos entre a ICANN e o Departamento de Comércio dos EUA não foram realmente rompidos. Governos pelo mundo todo, em particular os europeus, são extremamente críticos do que vêem como domínio americano da ICANN. Por exemplo, a ICANN recusou-se a reconhecer o endereço de domínio ".eu", que se aplicaria a todas as companhias e instituições da União Européia. Para os representantes europeus, essa seria uma importantíssima marca para denotar companhias européias que trabalham dentro das normas institucionais estabelecidas na União Européia, por exemplo da proteção da privacidade na Internet. Assim, a contradição entre as raízes históricas da Internet nos Estados Unidos e seu caráter cada vez mais global parece apontar para a transformação final da ICANN numa instituição culturalmente mais ampla”.
[37] Carlos Afonso sobre este fato colocou (2005, p.50), “O papel dos EUA é uma provocação para outros governos, encorajando-os a buscar direitos soberanos iguais na supervisão sobre a ICANN. Esta tensão entre governos causa instabilidade. Já produziu ao longo de todos esses anos uma politização crescente da ICANN e de suas funções. Sistemas raiz alternativos tais como o ORSN na Europa já são formados para contrapor-se à autoridade dos EUA sobre a zona raiz.”
[38] Cf. European Open Root Server Network, In: <http://european.ch.orsn.net/about.php> [20 de março de 2008]
[39] Cf. quem é David Ulevitch In: <http://www.opendns.com/about/david/> [20 de março de 2008]
[40] Cf. Joint Declaration on Internet Rights by the Minister of Culture of Brazil and the Undersecretary for Communications of Italy. <http://www.cultura.gov.br/blogs/igf/wp-content/uploads/2007/11/joint-declaration-brazil-italy.pdf> [20 de março de 2008]
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© Copyright Scripta Nova, 2008
Referencia bibliográfica:
PIRES, Hindenburgo Francisco. Governança Global da Internet: A representação de topônimos de países no ciberespaço. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2008, vol. XII, núm. 270 (151). <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-270/sn-270-151.htm> [ISSN: 1138-9788]