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analisando o uso de Imagens do “Google Earth”
e de mapas no ensino de geografia
Amanda Regina Gonçalves
Doutora em Geografia. Professora do Departamento de Educação, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus Rio Claro-SP, Brasil.
amandarg@rc.unesp.br
Iara Regina Nocentini André
Doutora em Geografia. Professora do Departamento de Geografia, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus Rio Claro-SP, Brasil.
ireginana@hotmail.com
Thiago Salomão Azevedo
Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Geografia, na UNESP, Campus Rio Claro. Departamento de Geografia, Universidade Estadual Paulista (UNESP).
thiagosa@rc.unesp.br
Valquíria Z. Gama
Professora de Geografia da Rede Pública de Ensino Fundamental do Estado de São Paulo.
Analisando o uso de Imagens do “Google Earth” e de mapas no ensino de geografia (Resumo).
Desde suas intenções, produções e usos, as imagens de satélite de alta resolução são instrumentos poderosos para manipular a informação espacial. Neste trabalho objetivamos apresentar uma análise do uso de imagens de satélite de alta resolução disponibilizadas pelo “Google Earth” na Internet e de mapas cartográficos, a partir de uma visão comparativa do uso de ambos os instrumentos, focalizando dificuldades e potencialidades em suas leituras e manipulações para a compreensão da configuração sócio-espacial nas aulas de geografia do Ensino Fundamental e Médio. O presente artigo vem de encontro com interesses de profissionais que utilizam materiais cartográficos para ajudar a estudantes compreender o espaço através das noções geográficas.
Palavras-chave: Ensino de Geografia, Cartografia Escolar, Imagens de Satélite de Alta Resolução.
Analizando el uso de imágenes del “Google Earth” y de mapas en la enseñanza de Geografía (Resumen).
Desde sus intenciones, producciones y usos, las imágenes de satélite de alta resolución son instrumentos poderosos para manipular la información espacial. En este trabajo tenemos como objetivo presentar un análisis del uso de imágenes de satélite de alta resolución presentadas por el “Google Earth”, disponible en internet y de mapas y cartas cartográficas, desde una visión comparativa del uso de ambos instrumentos, planteando dificultades y potencialidades en sus lecturas y manipulaciones para la comprensión de la configuración socio-espacial en las aulas de geografía de la educación secundaria (ESO, de 7 a 14 años). El presente artículo viene de encuentro con intereses de profesionales que utilizan materiales cartográficos para ayudar a los estudiantes a comprender el espacio a través de las nociones geográficas.
Palabras-clave: Enseñanza de Geografía, Cartografía Escolar, Imágenes de Satélite de Alta Resolución.
Analysing the use of images of “Google Earth” and the maps in the learning Geography (Abstract).
Since theirs intensions, productions and uses, the high resolution remote sensing images are powerful tools to handle spatial information. In this article we aim at demonstrating an analysis of the use of high resolution remote sensing images available by “Google Earth” in the internet and the cartographic maps, starting from a comparative view of both tools, focusing on difficulties and potentialities in theirs interpretations and handlings to the comprehension of the social-spatial configuration in classes of geography at elementary and middle schools. The article comes up to the interesting of professionals that make use of cartographic materials to aid students understand the space through geographic conceptions.
Key-words: Learning Geography, Cartography Scholar, High Resolution Remote Sensing Images.
Introdução
As novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), fundadas num avanço sem precedentes da microeletrônica, e surgidas na América do Norte a partir da década de setenta do século passado (Castells, 1999), revolucionaram, ainda que com todo um caráter de seletividade, as formas de apreensão e representação do mundo.
É este atual período de complexidades e contrariedades que caracteriza a fase de transição quanto a mudanças de paradigma que estamos vivenciando. Uma das esferas tangidas por esse processo refere-se à educacional. As novas tecnologias têm contribuído sobremaneira para mudanças profundas na educação. Tal fenômeno é traduzido pelo atual esforço de utilização de ferramentas diversas, onde poderíamos destacar o uso da Internet, dos recursos de multimídia, e até mesmo a configuração de linguagens que proporcionam experiências sócio-espaciais inovadoras.
No entanto, é bastante restrita a presença de materiais didáticos disponibilizados pelas novas tecnologias da informação e da comunicação (TICs) no trabalho cotidiano dos professores de Geografia do Ensino Fundamental e Médio brasileiro (cursados por alunos de 7 a 14 anos de idade). Outra constatação diz respeito ao fato de que este tipo de material geralmente não é elaborado e divulgado em uma linguagem apropriada para ser utilizada por professores e alunos destes níveis de ensino (Espinoza, 2004), o que converge com o fato de que nem sempre o professor recebe formação que o ajude na apropriação e uso destas novas linguagens tecnocientíficas; resultando, muitas vezes, num distanciamento do professor de tais materiais.
Por outro lado, a possibilidade de acesso direto a um grande número de produtos cartográficos, encontrados principalmente na internet (sites de localização de cidades, de cálculo de distância, desenho de rotas, fotos aéreas e imagens de satélites em sites de prefeituras), tem viabilizado aos professores, mas principalmente às gerações de jovens e adolescentes uma maior visualização do espaço geográfico, de informações sobre diferentes áreas, possibilitando a abordagem de assuntos de interesse curricular das escolas e tornando as informações mais próximas da sociedade. Esta nova realidade estudantil tem exigido da escola ferramentas de exploração para que eles possam gerir os bancos de dados disponíveis em distintas linguagens, efetuar análises, estabelecer reflexões, conclusões, num processo de construção de conhecimento.
Neste contexto, a utilização de imagens de satélite no ensino de geografia que, em um primeiro momento, parece não fazer parte do repertório do professor, ao mesmo tempo em que parece ser distante da realidade dos alunos, se revelou, em nossa investigação, fortemente presente nas atividades de ensino de professores e encontrado importante reconhecimento e interesse por parte dos alunos. Pôde-se contatar que o fator principal desta presença não se deve a uma emergência do tema na formação inicial ou continuada dos professores, mas especialmente à disponibilidade de um programa – “Google Earth” – na grande rede mundial eletrônica que utiliza-se de imagens de satélite de alta resolução de quase todas as áreas do planeta.
Em nossa investigação, junto às atividades de ensino desenvolvidas com alunos de 7ª série (alunos de 14 anos) pela professora Valquíria Gama, evidenciamos nas imagens de satélite uma linguagem que permite que diversos assuntos relacionados ao espaço cotidiano dos alunos possam ser visualizados ou possam ser espacialmente situados, e assim trabalhados de forma multidisciplinar. Frente à ressalva apresentada pela professora Valquíria, de que ela “cedeu às requisições dos alunos”, que frequentemente comentavam sobre o programa em sala de aula e traziam questões sobre assuntos diversos despertados pelo uso do programa. Com isso, entendemos que este recurso tende a ser sendo cada vez mais utilizado como ferramenta didática-pedagógica por professores e responsáveis pela educação. Sobre isso, lembramos que Santos (1998) salienta que é importante desmistificar a idéia de que uma tecnologia de ponta é algo distante dos alunos, e que por isso não caberia na escola.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), elaborados e divulgados pelo MEC em 1998, reforçam a importância do uso de novas tecnologias, ressaltando que neste documento a Geografia é uma área inserida nas “Ciências Humanas e suas Tecnologias”, ou ainda que entre os critérios de avaliação aí previstos, constam a leitura, análise e interpretação de diferentes linguagens geográficas (Brasil, 1998). Para Kirmann (1997), os trabalhos mais recentes em educação estimulam e favorecem as práticas pedagógicas interdisciplinares e, nesse contexto, as tecnologias como o sensoriamento remoto de alta resolução, permitem extrair informações multidisciplinares e trabalhá-las interdisciplinarmente.
Através do uso de uma imagem de alta resolução é possível observar, com precisão, elementos geográficos, como as áreas urbanas, as áreas agrícolas, a estrutura viária, o relevo, a hidrografia e a vegetação (Rempel et. al., 2004). A imagem de alta resolução do satélite, dependendo da escala de observação, pode proporcionar uma visão regional a partir da ilustração da realidade geográfica do país, do estado, assim como uma visão mais detalhada como da cidade, do bairro e até mesmo das residências.
Assim, destacamos que a importância da utilização de imagens de sensoriamento de sensoriamento remoto, como as descritas acima, está em permitir o trabalho em sala de aula com materiais sobre localidades e escalas pouco encontradas nos livros didáticos, que geralmente trazem incursões generalistas ou somente sobre as grandes capitais e em pequenas escalas (Gonçalves, 2006); fator ressaltado como inovador pela professora Valquíria frente a grande maioria de material que já havia trabalhado até então em suas aulas.
Neste contexto, o objetivo desta pesquisa embasou-se na verificação da contribuição das imagens de alta resolução no ensino de geografia. Para isto, buscamos observar como se deu o uso de imagens de satélite e de mapas cartográficos em atividades didáticas desenvolvidas pela professora Valquíria, interessados em investigar se essas novas tecnologias são mais eficientes do que os mapas cartográficos atualmente mais utilizados no ensino médio e fundamental.
O uso escolar do Sensoriamento Remoto
A utilização de recursos de sensoriamento remoto na escola não se limita apenas à transferência de informações. Desta forma, a divulgação de suas características e potencialidades são de extrema importância para entender as relações da prática pedagógica com o tratamento dos conteúdos curriculares e suas relações com a vida, visando à construção do conhecimento por professores e alunos.
Segundo Gonçalves (2004), apoiado no educador Gutierrez (1979), "o mero fato de interpretar ou apropriar-se de um saber não é suficiente para que, com propriedade de termos, possamos falar de aprendizagem ‘autêntica’. Somente pode chamar-se autêntico o conhecimento que em si mesmo e por si mesmo seja produtivo e transformador, o que requer do preceptor que ele o transforme em conhecimento seu e reestruture à sua maneira a informação".
Sendo assim, a transformação do conhecimento requer um trabalho ativo-reflexivo com a informação por parte do aprendiz, orientado pelo docente, que o utilizará enquanto ferramenta de decodificação e de compreensão da realidade imediata em que está inserida a realidade geográfica.
Desta forma, para o estabelecimento de relações com realidades distintas da sua – mas conectadas por diferentes fatores – o aluno precisa aprender a interpretá-las, para isso ele pode lançar mão de diversas linguagens; as informações contidas em uma imagem de satélite de baixa resolução, ou falsa-cor, por exemplo, não são evidentes por si mesmas, passando facilmente por despercebidas a olhares menos desavisados.
O uso escolar do sensoriamento remoto recomenda o desenvolvimento da pedagogia da comunicação no tratamento dos conteúdos curriculares (Gonçalves, 2004), considerando a análise da realidade concreta e as reflexões possíveis de serem desenvolvidas sobre ela, propiciadoras do exercício de operações mentais implementadoras do desenvolvimento do raciocínio crítico e da produção do conhecimento.
Sendo assim, ressaltamos que para dar atenção ao desenvolvimento da leitura crítica, a pedagogia da comunicação é relevante no sentido de que vivemos num constante e intenso contato com um amplo universo visual. Esta condição prévia permite a criação de habitus culturais a partir do contato com uma gama de tipologias de representações, portadoras de mensagens e ações políticas.
Para efetuar o ensino pedagógico desta comunicação, segundo este autor, é necessário por em prática iniciativas pedagógicas transformadoras. Contudo, nessas iniciativas devem ser consideradas, à priori, a realidade social em que o educando se encontra, na qual a tecnologia espacial, em especial o sensoriamento remoto, tem uma presença relevante. A compreensão da realidade geográfica do educando, sua realidade circundante e a compreensão que o aluno tem dela, devem ser consideradas como ponto de partida do processo de ensino e aprendizagem, isto é, a compreensão inicial de que o aluno tem da realidade geográfica deve ser encarada como método à utilização do sensoriamento remoto, onde à observação da realidade está focalizada no diálogo entre diferentes tipos de saberes, que sirvam para a construção do conhecimento mais elaborado e mais crítico do educando.
Este processo de aprendizado propicia ao aluno condições de compreender a natureza geográfica numa dimensão de totalidade através da apreensão das relações recíprocas entre o seu meio imediato e o mais amplo. Desta forma, Gonçalves (2004) afirma que o uso escolar do sensoriamento remoto como recurso didático pedagógico no processo de ensino e aprendizagem permite, primeiramente, desmistificar a idéia de que tais tecnologias são algo distante da escola, assim como permite o esclarecimento para que professores possam promover ou proceder à socialização dos conhecimentos requalificando a relação do ensino entre o conhecimento e o cotidiano aprimorando a função da escola na formação, contribuindo, assim, para a formação de cidadãos preparados a participações sociais consistentes e construtivas através dos recursos da informação e da comunicação presentes na sociedade, oportunizando à escola, e a partir dela, à comunidade, o acesso e a apropriação do conhecimento, sendo estes uma das principais funções sociais da escola.
O Sensoriamento Remoto em foco nas pesquisas com fins didáticos
Como exemplo da crescente importância que este tema vem tomando nas pesquisas e no trabalho dos professores das escolas brasileiras, citamos o trabalho de Moraes e Florenzano (2005) que vêm oferecendo, desde 1998, cursos de capacitação de professores do Ensino Fundamental e Médio, realizados no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), através da Coordenação-Geral de Observação da Terra e a Divisão de Sensoriamento Remoto (DSR). Estes cursos têm como objetivo disseminar as técnicas de sensoriamento remoto para professores e alunos destes níveis de ensino. A imagem de satélite é mais um recurso didático que contribui para o entendimento da inter-relação entre o meio ambiente e o ser humano, despertando a conscientização dos alunos quanto à importância da preservação de nosso planeta. Os autores têm se preocupado com a disseminação desta tecnologia, que ainda não é amplamente utilizada pelo público em geral, e poucos professores fazem uso das imagens de satélite como recurso didático, embora muitos livros didáticos já utilizem as imagens de satélite para exemplificar vários conteúdos educacionais.
Estes autores ainda ressaltam que para melhorar a qualidade do ensino básico no país, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), elaborou diretrizes que norteiam o processo de ensino-aprendizagem. Essas diretrizes, conhecidas como Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), pregam que o aluno deve “saber utilizar diferentes fontes de informações e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos” (Brasil, 1998). Entretanto, para que os alunos tenham acesso a estas novas tecnologias é preciso que os professores sejam capacitados e incentivados a tornarem-se agentes difusores destes novos conhecimentos.
No ano de 2000, foi introduzida ao curso a proposta de orientação e acompanhamento de projetos pedagógicos voltados ao estudo de questões ambientais locais, desenvolvidos pelas escolas participantes. Atualmente o curso já capacitou um total de 513 professores de todas as regiões do Brasil.
Segundo Melo et. al. (2005), no início da aprendizagem da cartografia no ensino da geografia, devem ser considerados os níveis de abstração mínimos de cada pessoa. Assim sendo, deve-se utilizar instrumentos que sejam familiares aos alunos, como por exemplo, num primeiro momento, as fotos obtidas a partir de máquinas fotográficas convencionais e, em outro, as fotografias aéreas. Contudo, o uso de sensores remoto é visto cada vez mais como um sistema de aquisição de informações, embora, contemplando a perspectiva de Oliveira (1997), os Parâmetros Curriculares Nacionais trouxeram com grande ênfase a Alfabetização Cartográfica como sendo essencial na formação do aluno enquanto cidadão.
Nos estudos de Melo et. al. (2005) foram realizados levantamentos de indicativos e análises de alguns trabalhos sobre o uso de dados de sensoriamento remoto no processo de ensino e aprendizagem, evidenciando um crescimento da importância da cartografia escolar.
Carvalho e Cruz (2001), por exemplo, desenvolveram um projeto sobre o uso destas novas tecnologias nas escolas do ensino fundamental e médio. A primeira etapa deste projeto teve o objetivo de levantar os conteúdos do Programa Oficial de Ensino. Posteriormente, foi realizada a compilação e a criação de materiais didáticos para atividades de ensino com e sua aplicação com alunos do ensino básico.
O trabalho de Florenzano e Santos (2001) apresenta objetivos distintos, pretendendo socializar o sensoriamento remoto como um recurso educacional, através da elaboração de materiais didáticos para os professores e cursos de formação.
A pesquisa realizada por Jatobá (1997) utilizou as imagens de satélite meteorológicas como um recurso para o ensino da climatologia para alunos de Ensino Médio. Segundo o autor, a utilização de imagens de satélite permite um aprendizado mais fácil e agradável:
a análise de imagens de satélite constitui-se num valoroso e motivador material didático de apoio ao ensino de climatologia, pois permite, com certa facilidade, a identificação de vários sistemas atmosféricos, tais como centros anticiclônicos, ciclônicos, frentes frias, ondas de leste, etc. (Jatobá,1997, p.1).
As fotografias aéreas verticais têm centralidade nos estudos de Cazetta (2003). Seu trabalho conta com uma pesquisa realizada junto a professores das séries iniciais, a partir de um longo período de observação de aulas e de uma intensa discussão sobre o tema com os próprios professores. Relevando as atividades docentes cotidianas, a autora apresenta as fotografias aéreas verticais como uma possibilidade na construção de conceitos no ensino de Geografia como, por exemplo, do conceito de uso do território.
O uso de imagens de satélite de alta resolução do “Google Earth” e de mapas cartográficos no ensino da geografia
Os usos escolares dos produtos e técnicas de sensoriamento remoto de alta resolução apresentam-se como recurso para o processo de discussão/construção de conceitos geográficos pelos alunos. Através desta ferramenta, podemos verificar suas possibilidades de uso em diferentes âmbitos do ensino de geografia.
O ensino de geografia apresenta uma gama de possibilidades sendo impossível estudá-la dentro de uma abordagem puramente disciplinar. A interdisciplinaridade tem sido bastante discutida nos ambientes escolares e acadêmicos e se apresenta como necessidade para uma compreensão mais profunda tanto dos fenômenos sociais, políticos, econômicos e culturais.
A idéia reducionista da ciência lentamente vai dando lugar para uma forma interdisciplinar de pensamento fundamentada na integração de várias áreas do conhecimento. Nesta nova perspectiva, as concepções mecanicistas cedem espaço a uma concepção holística.
Desta forma, a aprendizagem ocorre por meio da interação e articulação entre conhecimentos de distintas áreas, conexões estas que se estabelecem a partir dos conhecimentos cotidianos dos alunos, cujas expectativas, desejos e interesses são mobilizados na construção de conhecimentos científicos. Segundo Gonçalves (2004), os conhecimentos cotidianos emergem como um todo unitário da própria situação em estudo. Assim, cabe ao professor provocar a tomada de consciência sobre os conceitos implícitos nos projetos e sua respectiva formalização, As atividades pedagógicas devem ter como proposta o rompimento das barreiras disciplinares, tornando permeável a sua fronteira e caminhando em direção a uma postura interdisciplinar.
A investigação aqui realizada envolve um processo de construção, participação, cooperação e articulação entre sujeitos escolares e seus conhecimentos e pesquisadores e conhecimentos científicos, baseando-se na superação de dicotomias estabelecidas pelo paradigma dominante da natureza geográfica e privilegiando as inter-relações na formação do aluno cidadão.
Uma de nossas preocupações neste trabalho fundamenta-se no desenvolvendo de estudos interdisciplinares a partir da definição de um tema específico para estudo como, por exemplo, o tema escala, utilizando didaticamente as imagens de sensores remotos de alta resolução no tratamento do conteúdo proposto.
Os estudos geográficos inserem-se neste contexto, pois têm muito a construir colaborativamente com as outras ciências, contribuindo, por exemplo, a partir da inserção da dimensão espacial. A compreensão do espaço é importante, uma vez que é através da sua organização que as configurações dos arranjos sociais, culturais e econômicos ganham sentido.
Recentemente, os métodos utilizados para identificar as estruturas espaciais contidas nas imagens de satélite, baseiam-se no comportamento destas configurações no tempo e no espaço (Turner et. al.; 2001). Muita atenção tem sido dada ao papel da escala, uma vez que se este parâmetro é alterado, diferentes estruturas podem surgir. Estas alterações influenciam diretamente na percepção cognitiva das feições espaciais (Benson e MaCkenzie, 1995)[1].
Este fenômeno pode ser observado na Figura 1; a variação da escala altera o detalhamento do mapa da linha de costa localizada na região sudoeste da Inglaterra, aumentando a irregularidade e a rugosidade da linha costeira.
Figura 1. Alteração do nível de detalhe da linha costeira através da variação da escala.
Fonte: Russ, 1994.
Desta forma, a escala pode ser definida pela representação convencional que apresenta elementos do mundo real, reduzidos de acordo com uma proporção estabelecida previamente, ou a proporção entre os elementos representados e seus correspondentes reais; razão entre as dimensões gráficas (do modelo) e as dimensões naturais (do objeto real) (Santos, 1990 e Duarte, 2002).
Metodologicamente, a utilização de mapas é fundamental para contextualizar o aluno no âmbito espacial, proporcionando o dimensionamento de proporção, de direção, de distância. Entretanto, a utilização de recursos cartográficos permite ao aluno identificar fatores relacionados ao meio, contudo a cartografia é apenas uma representação gráfica da realidade (Figura 2A), já a imagem de satélite (Figura 2B) mostra a real face da superfície terrestre em determinado momento, isto é, a representação contida na imagem de sensoriamento remoto de alta resolução propicia ao aluno visualizar o mundo real, através de associações cognitivas presentes no seu cotidiano.
Para o desenvolvimento de tal proposta neste texto, realizamos observações de atividades de ensino com alunos de 7ª série, seguidas de discussões e delineamento de propostas junto à professora que desenvolveu as atividades em sala de aula. Buscamos identificar elementos que envolvessem as imagens de satélite de forma vivenciada e com múltiplas linguagens, diminuindo o peso dos conteúdos disciplinares, oferecendo mais oportunidades para que sejam realizadas ligações com as situações do cotidiano do aluno.
Pudemos evidenciar empiricamente estas prerrogativas teóricas ao nos depararmos com o uso em sala de aula de imagens de satélite disponibilizadas pelo programa “Google Earth”e de mapas cartográficos, ambos em diferentes escalas. Antes de nos determos a esta análise, devemos ressaltar que, através deste programa – que disponibiliza algumas imagens de satélite em forma de mais um produto disponibilizado por um meio de comunicação de massa – o cidadão comum passa a ter maior acesso a um material e às informações, que por muito tempo foram produzidos e se restringiam aos usos militares e, não incondicionalmente, das instâncias governamentais[2]. Talvez resida aí um dos motivos das ausências destes produtos e dificuldades em seus usos nas aulas de Geografia Escolar.
Trazemos, a seguir, uma primeira análise do uso de imagens de satélite de alta resolução e de mapas e cartas cartográficas, tecemos alguns comentários a partir de uma visão comparativa do uso de ambos os instrumentos, focalizando dificuldades e potencialidades nas leituras e manipulações para a compreensão da configuração sócio-espacial nas aulas de geografia do Ensino Fundamental e Médio.
Figura 2. Comparação entre o mapa e a imagem de sensoriamento remoto de alta resolução
aos arredores do Estádio do Morumbi na cidade de São Paulo.
Fonte: Figura 2A (Maplink, 2005); Figura 2B (Google Earth, 2005).
Partimos da existência de um habitus cultural escolar fortemente marcado por uma histórica “alfabetização cartográfica”, que se preocupa com processos de memorização e decodificação de uma gramática gráfica, que objetiva organizar os símbolos de uma “forma lógica para a comunicação de conteúdos”, numa “linguagem monossêmica” (Martinelli, 2003), praticamente estática; o que faz parecer, à priori, o trabalho com imagens de alta resolução algo mais técnico e complexo.
Ao voltarmos os olhares às práticas da professora Valquíria, verificamos que a introdução do estudo de imagens do “Google Earth” deu-se a partir de uma figura divulgada num jornal esportivo, que trazia uma reportagem sobre um jogo de futebol (Figura 3). Projetando a reportagem na parede, com o uso do retro-projetor, a professora chamou a atenção pela representação ser dada a partir do ponto de vista de cima, ou seja, vertical. Isso pode ser rapidamente observado pelos alunos que instantaneamente identificaram as arquibancadas direcionadas aos diferentes times e as ruas e avenidas de acesso ao estádio. Em seguida, houve a identificação das casas, árvores, ruas, praças e terrenos baldios. Há de se destacar que este processo rápido não exigiu dos alunos associações com símbolos de legendas para certificar-lhes dos objetos visualizados.
O exemplo da reportagem de jornal de esportes de circulação nacional utilizada pela professora demonstra a presença dos produtos disponibilizados pelo “Google Earth” nos meios de comunicação de massa. Lembramos que meios de comunicação de massa, como este, se utilizam das formas mais objetivas de representação e, portanto, mais próximos à realidade que os professores e alunos têm acesso a partir de uma cultura escolar marcadamente influenciada por estes meios. Outro fato é de que tais formas de representação estão mais próximas àquelas imagens que nos deparamos e lidamos em nosso dia-a-dia (nos noticiários da TV, em outdoors, revistas, jornais) com as quais podemos ampliar nossas habilidades de leitura e uso a partir da apropriação de suas linguagens; sendo estas as intenções da professora relatada em nossas discussões.
Figura 3. Através de uma representação do Estádio de Futebol do Morumbi, o jornal traz uma reportagem
sobre um jogo de futebol, mostrando desde a localização do estádio, ruas e avenidas de acesso, às categorias
de acento nas arquibancadas e os portões de acesso a elas.
Fuente: Lance!, 2005.
Assim, pretendemos dar maior visibilidade à importância de se trabalhar em sala de aula com materiais, instrumentos e informações que alunos e professores têm maior acesso ou, às vezes, maior convívio, ampliando suas habilidades para sua leitura e uso.
A partir destas premissas, aportamos que, enquanto o trabalho com as representações cartográficas (mapas) necessita de um intenso e aprofundado estudo prévio de códigos, técnicas e semiologias, as imagens de satélite de alta resolução, trazem uma linguagem com características mais próximas àquelas que os atores escolares (professores e alunos) têm contato no seu cotidiano, como por exemplo, nos deslocamentos e trajetos efetuados diariamente, bem como, nas informações visuais encontradas nos mais diversos meios de comunicação.
Portanto, as imagens de satélite de alta resolução possuem uma linguagem que traz as chamadas “variáveis visuais” com aparências mais próximas àquelas conhecidas por nós, ou seja, traz formas, cores e tamanhos não tão estigmatizados e padronizados, que segundo Almeida e Passini (2000), seguem uma lógica externa como, por exemplo, a simbologia cartográfica apresentadas nos mapas e cartas. Esta condição das imagens de satélite facilita ao leitor a identificação de pontos de referência por ele conhecidos e assim, estabelecer incursões mais claras da sintaxe do material manuseado, como por exemplo, o estabelecimento de relações de diferença, ordem, proporção, associação, seleção e quantidade.
Além disso, a utilização de imagens de satélite de alta resolução permite a representação da superfície terrestre de forma que a escala da imagem pode ser simulada, propiciando também ao aluno a comparação dos objetos geográficos em diferentes escalas (Figura 4).
Nesta figura, observa-se que à medida que simulamos a escala, as feições geográficas do mapa apenas ampliam de tamanho (Figura 4A e 4C), contudo quando efetuamos o mesmo procedimento na imagem de satélite de alta resolução (Figura 4B e 4D), as feições geográficas além de ampliarem de tamanho, o nível de detalhe é realçado.
Figura 4: Comparação dos objetos geográficos contidos em um mapa e em uma imagem de satélite de alta
resolução, da Lagoa Rodrigo de Freitas na cidade do Rio de Janeiro, através da simulação da escala.
Fonte: Figura 4A e 4C (Maplink, 2005); Figura 4B e 4D (Google Earth, 2005).
A distinção entre os objetos dependerá do interesse do tema a ser abordado pelo professor, sendo que a imagem de satélite oferece uma gama muito maior de variáveis a ser estudada e inter-relacionada do que as disponibilizadas no mapa, ou seja, a configuração dos objetos representados na imagem é fundamental, pois dela dependerá a complexidade da interpretação das feições geográficas, revelando os detalhes ou não do espaço. Por outro lado, o estudo comparativo entre as duas formas de representação revela-se complementar, uma vez que às múltiplas variáveis da imagem é trazida a clareza e objetividade dos mapas, fazendo com que o excesso de informações das imagens não nos deixe perder a capacidade de ver e compreender as geografias dos lugares.
A partir destas discussões, a professora Valquíria planejou um estudo sobre o uso do território, a partir de representações que trouxessem o estádio de futebol encontrado naquela reportagem de jornal, que pareceu fazer bastante sentido aos alunos – jovens e adolescentes que se interessam às questões esportivas e identificaram-se com os times apresentados na reportagem.
Para verificarmos se estas aportações se conferiam com um estudo real dos dois tipos de representação, inicialmente, a professora propôs aos seus alunos um estudo comparativo entre o mapa e a imagem de satélite de alta resolução em diferentes escalas, a fim da verificação da associação cognitiva do aluno com o espaço geográfico.
Para efetuar tal procedimento, foram usados os mesmos recortes espaciais de imagens de satélite de alta resolução retiradas do programa “Google Earth” e de mapas cadastrais disponibilizados pelo programa “MapLink” da cidade de São Paulo, ambos coletados na Internet.
A princípio, a professora lhes apresentou apenas a coleção de seis mapas retirados do “MapLink” (Figura 5), solicitando para que os alunos identificassem os lugares representados e relatassem todas as informações geográficas que os mapas lhes forneciam.
As respostas foram exatas e homogêneas, reproduzindo o nome das cidades, de uma região da cidade, dos bairros, das avenidas e ruas principais, identificando facilmente os limites político-administrativos destes recortes. Os alunos também constataram o alto grau de urbanização do território representado, reconhecendo restritos espaços destinados às áreas verdes e nenhuma mata ciliar margeando o rio, mas sem a possibilidade de identificar dados mais qualitativos do território como, por exemplo, se a ocupação das áreas se dava por residências, por indústrias, por terrenos baldios. Os demais objetos identificados se restringiram à localização de pontos de referência de grande extensão, como uma grande praça, o cemitério, o estádio de futebol.
Todas as identificações foram estabelecidas pelos associacionismos possíveis entre as denominações fornecidas no mapa e os códigos cartográficos: pontos, linhas e áreas, e a variável visual cor.
A recepção dos alunos ao material foi bastante distinta quando a professora entregou-lhes uma segunda coleção de representações espaciais, agora a composta por imagens de satélite de alta resolução, retiradas do “Google Earth”, com os mesmos recortes espaciais que os presentes nos mapas anteriormente apresentados (Figura 5).
Antes mesmo de qualquer pergunta da professora e ainda que a imagem não trouxesse nenhuma denominação de rua, praça ou nome de estádio, várias identificações espaciais foram realizadas pelos alunos.
Ao observarem a imagem em menor escala, que abrange municípios da metrópole paulista, a primeira constatação dos alunos se referiu ao grande número de telhados, que revela a concentração urbana da metrópole. Ao deslocarem a atenção às demais imagens, emergiram discussões sobre os processos de impermeabilização do solo como uma das principais causas das enchentes, erosões, aumento da temperatura. Logo em seguida, a aula é redirecionada a partir de uma exclamação de um aluno sobre a quantidade lixo deve ser produzido por toda a população que mora nas casas ali representadas. Enredada a esta exclamação, outras vieram trazendo questões como: para onde é destinado todo o lixo ali coletado; existem estações de tratamento de esgoto doméstico próximas dali; em períodos chuvosos, as enxurradas necessariamente levam as sujeiras para o leito do único rio daquela região, por isso suas águas tão poluídas; o que é produzido nos enormes galpões visualizados na imagem – questionamentos estes que os alunos dificilmente desenvolveriam observando somente os traçados do mapa.
Exploradas as duas formas de representação, a professora solicita que os alunos confeccionassem um croqui, utilizando-se do cruzamento de informações tanto dos mapas, como das imagens de satélite, levando para as linhas, pontos e áreas delimitadas no croqui, informações que puderam identificar nas imagens de satélite.
Assim, através do estudo comparativo entre os mapas e as imagens de satélite de alta resolução, o espaço geográfico pode ser observado em diferentes níveis de detalhes, partindo de uma escala regional, representada por municípios, até a representação de uma feição espacial mais detalhada como, por exemplo, a representação da área onde se localiza o Estádio de Futebol do Morumbi[3], na cidade de São Paulo (SP), eleita pela professora por corresponder à mesma apresentada no jornal de esportes (Figura 3), anteriormente analisada pelos alunos. Segundo a professora, esta simulação de escalas possibilitou ao aluno identificar cognitivamente as feições espaciais do seu cotidiano com mais facilidade.
Figura 5. Representações usadas na atividade de ensino com alunos da 7ª série (14 anos),
da rede pública do Estado de São Paulo, pela professora Valquíria.
Representações de algumas feições espaciais da metrópole de São Paulo (SP) através de mapas
cartográficos e imagens de satélite de alta resolução, em diferentes escalas.
Fontes: MapLink (2005) e Google Earth (2005).
Considerações finais
A partir da investigação dos caminhos metodológicos desenvolvidos pela professora em sala de aula com o uso das representações espaciais aqui apresentadas pudemos inferir que, embora as imagens de satélite sejam pouco utilizadas em atividades escolares, sua linguagem está mais próxima àquelas que o cidadão comum se depara em seu cotidiano, pois vem sendo uma linguagem fortemente explorada pela mídia de massa, especialmente após a disponibilização gratuita de imagens de satélite de alta resolução pelo programa “Google Earth”.
Constatamos também que as imagens de satélite de alta resolução não exigem uma aquisição prévia aprofundada de códigos cartográficos para sua leitura, como é necessária para a leitura de mapas cartográficos, isto constitui um fator que pode viabilizar seu uso nas atividades escolares no Ensino Fundamental e Médio, uma vez que são pouco presentes na maioria dos cursos de formação inicial de professores de geografia. Desta forma, entendemos que a utilização destas novas tecnologias não deva se restringir apenas ao meio científico, governamental ou militar, mas também ao cidadão comum, por meio, por exemplo, do ensino escolar. É importante que busquemos adequá-las a um contexto mais amplo, mantendo constantes relações com os fatos sociais e espaços cotidianos dos alunos.
Para o desenvolvimento de projetos de ensino em ambientes escolares, de pesquisas em Didática da Geografia, de políticas públicas de educação que envolvam a temática do uso escolar das novas tecnologias da informação e da comunicação, é importante considerar: que convivemos cotidianamente com uma grande diversidade de imagens e representações espaciais, especialmente com a disponibilização de linguagens espaciais na rede mundial de computadores; e o fato de uma histórica presença de conteúdos correspondentes à uma maneira de alfabetização cartográfica e, de forma bastante incipiente, de leitura de imagens de satélite nos textos escolares oficiais (como os PCN), livros didáticos e práticas docentes em sala de aula.
Portanto, ressaltamos que há uma cultura escolar que privilegia o domínio prévio dos processos de elaboração de mapas, técnicas e códigos cartográficos. Este processo de aprendizagem passa a ser uma demorada tarefa que antecede as leituras e as interpretações dos mapas, já com a utilização de imagens de satélite de alta resolução este processo é praticamente desnecessário, pois as inúmeras feições (formas, cores e texturas) da configuração do território não são reduzidas às limitadas formas de representação cartográficas dos mapas (áreas, linhas e pontos), isto é, as associações cognitivas são diretas, sem a necessidade prévia de recorrer a legendas e simbologias cartográficas.
Ainda que associações aconteçam de forma mais diretas com a realidade através do uso de imagens de satélite, não se pode desconsiderar a essencialidade do estudo comparativo com os mapas cartográficos, pois as imagens são marcadas por um excesso de informações, cuja ordenação não apresenta, necessariamente, as divisões dos limites político-administrativos, fundamentais para compreender as formações sócio-espaciais e interelacioná-las a outras esferas como as políticas, econômicas, ambientais, buscando não perder a capacidade de ver e compreender as geografias dos lugares.
Assim, entendemos que o uso escolar de imagens de satélite de alta resolução pode propiciar a construção de novos ambientes de aprendizagem, que viabilizam interpretações e leituras críticas das informações espaciais e a apropriação desta linguagem, com o objetivo de facilitar os processos de auto-esclarecimento de sujeitos e grupos em busca de orientações para suas ações e de ampliar o processo democrático de inclusão e inserção do aluno-cidadão em uma sociedade informatizada e globalizada.
Notas
[1] Informações mais detalhadas podem ser buscadas em Azevedo e Ferreira (2004); Azevedo e Marques (2004); Gonçalves (2006).
[2] Sem desconsiderar, no entanto, o desigual acesso, especialmente no Brasil, às máquinas de computadores, à Internet e a um domínio básico para manuseamento das ferramentas básicas da informática, tampouco o fato do programa disponibilizar os materiais com precisão e em 3D somente de algumas cidades. Este fato inclui-se em pontos importantes de ser destacados, o primeiro diz respeito às intencionalidades nas produções do “Google Earth”, às quais nenhum material está ausente de apresentar, visto que toda produção traz suas valorações, seleções de objetos, omissões de outros. Outro ponto é que o programa, em sua essência, utiliza-se das imagens de satélite de alta resolução, mas também são produtos resultantes de combinações com outros instrumentos de dados espaciais, como mapas 3D, cartas topográficas, fotografias aéreas, compondo o material disponibilizado.
[3] O Estádio de Futebol do Morumbi leva como nome oficial “Estádio Cícero Pompeu de Toledo”, e se localiza na Praça Roberto Gomes Pedrosa, na cidade de São Paulo (SP, Brasil).
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Ficha bibliográfica:
GONÇALVES, Amanda Regina; NOCENTINI ANDRÉ, Iara Regina; SALOMÃO AZEVEDO, Thiago; GAMA, Valquíria Z. Analisando o uso de Imagens do “Google Earth” e de mapas no ensino de geografia. Ar@cne. Revista electrónica de recursos en Internet sobre Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, nº 97, 1 de junio de 2007. <http://www.ub.es/geocrit/aracne/aracne-097.htm>.